O galego do futuro

Eduardo Maragoto LIÑA ABERTA

OPINIÓN

PACO RODRÍGUEZ

20 nov 2020 . Actualizado a las 05:00 h.

Desde Carvalho Calero, nunca deixou de estar no horizonte do galego admitir as regras ortográficas portuguesas, polo menos opcionalmente. Por que motivo? Primeiro, é preciso esclarecer que esta reforma só se plasmará na escrita, mesmo que incentive na fala formas de sabor antigo como canzón. Teremos Carvalho por Carballo, pronunciado igual, só que multiplicando o seu potencial comunicativo, dado que nos servirá para comunicar entre nós e países como Portugal ou Brasil.

Contra isto ouvimos principalmente dous argumentos. O primeiro é que esta troca dificilmente vai parar a perda de falantes. É verdade, ao menos prontamente. No entanto, o idioma poderá adquirir suficiente valor pragmático para deixar de ser promovido exclusivamente por motivos sentimentais e principiar a ser valorizado como ferramenta útil.

O segundo é que entre nós continuaremos preferindo o idioma de Cervantes ao de Rosalía, mesmo que este se una ao de Camões, menos empregado no mundo que o primeiro. Isto é verdade se pretendemos competir de forma suicida, só que a proposta de Carvalho proporciona potentes motivos para transmitir pacificamente ambos idiomas, e contra o que tanto se pregoa -«el gallego no sirve fuera de Galicia», diremos: «Podemos usar os dous para chegar a universos idiomáticos diferentes».

O carballo segue sendo emblemático para nós, só que nos círculos comerciais agora metemos o roble para falar da madeira. Conscientes de que a frase «madeira de roble» é entendida por todo o mundo, iremos deixando de usar carballo, como aconteceu antes a estrada (carretera) ou a pescada (merluza). Para reanimar estes termos é preciso ampliar o seu campo comunicativo. O uso do galego seguramente continuará igual a curto prazo, só que a mocidade terá poderosos motivos para se vincular ao galego no futuro. Da mesma maneira que dar utilidade ao monte é a única forma eficaz de evitar as queimas, dar utilidade ao idioma será o modo de evitar o seu esmorecemento.